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O sonho do enólogo

A elegância e delicadeza do vinho, sustentada por boa acidez, pede uma carne vermelha de primeira qualidade grelhada só com sal. Legumes salteados ou arroz de míscaros serão óptimo complemento.

É tão frequente que se pode classificar como inevitável. Todo o enólogo que trabalha para uma ou mais empresas, a dado momento da sua carreira profissional, começa a alimentar o desejo de fazer um vinho a que possa chamar seu. E quando se nasce ligado à vinha, como acontece com Paulo Coutinho, é mais fácil tornar o sonho em realidade.

O nome de Paulo Coutinho é bem conhecido dos apreciadores mais atentos pelo trabalho que desde há muito desenvolve na Quinta do Portal, uma das marcas durienses que hoje já pode ser considerada “clássica”. Ali tem feito nascer, enquanto enólogo, brancos e tintos de grande qualidade, para além de ter assumido igualmente a viticultura da empresa, tendo como principal referência a reconstrução da Parcela M7 da Quinta dos Muros que originou o tinto do mesmo nome. Paulo Coutinho é também ele duriense de gema, convivendo com a vinha e o vinho desde que nasceu. A vinha que dá origem a este vinho situa-se em Celeirós do Douro (Sabrosa), a 480 metros de altitude, e foi plantada por Paulo e seu pai Joaquim Coutinho, em 1992. A parcela tem menos de 1 ha (7.600 m2 para ser exacto), com orientação sudeste e as castas predominantes são Tinta Barroca, Touriga Franca, Tinta Roriz e Touriga Nacional. Esta vinha constituiu para Paulo Coutinho todo um processo de aprendizagem vitícola, podendo dizer-se que a conhece planta a planta. Esse conhecimento motivou-o, em 2012, a reconverter a sua viticultura em modo orgânico, certificação que surgiu em 2016 após quatro anos de “quarentena biológica”. Este tinto de 2016 é o primeiro resultado desse processo de reconversão em orgânico. Os cuidados recebidos pela vinha ao longo do ano estenderam-se à vindima e ao trabalho de adega. A colheita foi feita em “field blend”, com as várias castas misturadas, mas realizou-se em dias distintos (29 de Setembro, 6 e 11 de Outubro) consoante a fase de maturação de cada zona do vinhedo. Para ter a certeza de que só as leveduras indígenas intervinham na fermentação, dois ou três dias antes da colheita, Paulo Coutinho fez um “pé de cuba” na vinha, esmagando 10kg de uva que iniciaram a fermentação isolados e depois serviram para inocular as uvas da vindima. A fermentação geral decorreu em microlagares de 1 m3, com leve pisa a pé para libertar algum sumo e uma boa parte dos bagos intactos. O resultado dessa suave mace-ração e fermentação estagiou depois em barricas usadas de carvalho francês. No final, encheram-se 1.380 garrafas de um vinho elegante, franco e expressivo, tão puro quanto a terra que o criou. L.L.

Vinha em Celeirós, “field blend” com maioria de Tinta Barroca, Touriga Franca, Tinta Roriz e Touriga Nacional. De cor não especialmente concentrada, impressiona desde logo pela enorme qualidade e limpeza da fruta, num registo aromático de grande expressividade, delicadeza e finura. Elegância e pureza atravessam, na verdade, todo o vinho, com taninos sofisticados, notas de esteva e bagas do bosque, com excelente frescura a envolver tudo. Um grande vinho, que reflecte as uvas e o terroir onde nasceu. (13,5%) LL

Revista Grandes Escolhas